As definições atribuídas a este
termo são muitas e das mais diversas, mas vamos nos ater ao seus significados
mais simples. De modo que possamos definir aquilo do que estamos tratando e
distinguir de terminologias correlatas, sendo que cada qual possui seu
significado próprio.
É comum que se pense no Ocultismo
como sendo algo relativo ao ato de se ocultar conhecimentos e informações,
sendo que a esta afirmação costumo dizer de modo jocoso que Ocultismo não deve
ser confundido com "Esconditismo". Esta definição caberia melhor para
especificar o que seria chamado de Esoterismo, sobre o qual poderemos vir a
tratar oportunamente. Neste sentido o termo Oculto em questão não está no ato
mas sim no teor e fonte desses conhecimentos, sendo em síntese o conhecimento
de tudo aquilo que se encontra Oculto.
Neste caso Oculto não por ter
sido ocultado, mas sim por não estar ao alcance de nossa percepção ou
observação. Ou seja, é tudo aquilo na Natureza que se encontra oculto aos
nossos Sentidos. A medida que as Ciências Convencionais vão se aperfeiçoando
mais e mais elementos que eram Ocultos vão deixando de ser, como ocorreu por
exemplo com o Magnetismo, embora ainda este não tenha sido inteiramente
explorado em todas as suas implicações pelas Ciências Físicas.
De modo geral podemos dizer que a
maior porção do que compõe o Ocultismo é de conhecimentos atinentes aos Mundos
Supra Físicos. Ou seja, tudo aquilo que se encontra fora do alcance das
Ciências Convencionais, sendo assim aquilo que se chama de Ciências Ocultas.
Cabe aqui considerar as razões
para a expressão Ciências Ocultas e sua relação com as Ciências Convencionais.
Tal questão remonta a mais remota antiguidade, quando o ser humano ao nascer
neste mundo adquiria conhecimentos e antes de partir buscava deixar o que
aprendeu para as gerações futuras. A tal conhecimento era dada grande
importância de modo que com o advento da escrita e mesmo antes com o recurso
das tradições orais, esses conhecimentos foram sendo acumulados, guardados e
retransmitidos nos antigos Templos.
Surgiu assim aquilo que se viria
a chamar de Ciência, significando o conjunto de tudo aquilo do que a humanidade
era ciente, ou ainda, tudo que se sabe sobre todas as coisas. Este conjunto de
conhecimentos foi se tornando cada vez mais abrangente e diversificado de modo
a surgirem especializações, tendo-se assim as diversas Ciências, que incluíam
não só diversas formas de arte como também a Religião, a Filosofia e a
Política.
Com o passar do tempo a Religião
e a Política assumiram seu papel na sociedade se separando das demais Ciências
e as que restaram foram se distinguindo basicamente em dois grupos, sendo um
especializado em tudo aquilo que pudesse ser observado e analisado a nível
material, compondo assim as Ciências Convencionais que conhecemos hoje que
tomaram pra si o uso do termo Ciência como se este termo servisse apenas e tão
somente para designar as suas especialidades.
O outro grupo passou a abarcar
tudo aquilo que estivesse para além do alcance de nossos sentidos, que não pudesse
ser medido, analisado ou observado a nível material, compondo assim as Ciências
Ocultas que conhecemos hoje, que com a popularização do uso do termo Ciência
como se referindo exclusivamente às Físicas, passou a adotar também o termo
Ocultismo para se definir.
Assim vemos que Ocultismo é um
termo genérico, que define um corpo de conhecimentos vasto e diversificado, com
tantas ou mais especializações quanto as Ciências Convencionais. Ao contrário
do que popularmente se diz, não há interesse por parte dos Ocultistas que suas
especialidades venham a ser assimiladas, ou que venham a substituir ou que
devessem ser substituídas pelas modalidades das Ciências Convencionais. Ou
seja, Astrologia e Astronomia são conhecimentos distintos e cada qual tem seu
espaço próprio no saber humano, não sendo a Astronomia um substituto da
Astrologia e nem tão pouco um objetivo a ser alcançado pela Astrologia.
Seria o mesmo que se almejar que
o Cinema viesse a substituir ao Teatro, ou que este fosse uma forma mais
evoluída ou superior de arte representativa. No geral ocorre muita dificuldade
em se definir o Ocultismo porque este não é compreendido como aquilo que ele é,
ou seja, um conjunto de conhecimentos, não devendo assim ser confundido com os
diversas linhas de pensamento, filosóficas e religiosas que de alguma forma
venham a abordar temas ocultistas.
Cabe aí se estabelecer uma
distinção entre o conhecimento e as instituições nas quais esse conhecimento é
trabalhado. Temos por exemplo entre todos os conhecimentos que compõe o
Ocultismo o conhecimento do processo da reencarnação, neste processo e todas as
suas implicações surgiram aqueles que se especializaram neste tema, formando
linhas de pensamento, ou mesmo correntes filosóficas
"reencarnacionistas", dentre estes indivíduos que se especializaram
no estudo e retransmissão desse conhecimento surgiram diversas
"escolas", ou instituições criadas para tratar do tema segundo uma
linha específica como por exemplo o Kardecismo.
Teríamos então que o processo da
reencarnação em si, que é um dos tantos conhecimentos que compõe o Ocultismo,
teríamos a especialização neste tema sendo definidos como reencarnacionistas,
temos as correntes filosóficas que definem um método para o estudo e
interpretação de tudo que envolve o conhecimento específico, como no caso o
Kardecismo e temos a instituição criada para o estudo e propagação dessa
filosofia como no caso a Federação Espírita.
A comparação que se pode fazer é o
fenômeno da gravitação dos corpos no espaço, que é um dos tantos conhecimentos
que compõe as Ciências Convencionais, teríamos a especialização neste tema
sendo definidos como astrônomos, temos as correntes filosóficas que definem um
método de estudo e interpretação de tudo que envolve o conhecimento específico,
como no caso os Astrofísicos e temos a instituição como no caso o Instituto
Nacional de Pesquisas Espaciais - INPE.
Com isso temos como notar que não
faz o menor sentido estabelecer comparações entre Ocultistas e Kardecistas,
pois seria o mesmo que comparar Cientistas com Astrofísicos. Podemos sim
comparar Cientistas com Ocultistas, independente das especialidades que cada
qual tenha em cada um destes conjuntos de conhecimentos, que são as Ciências
Ocultas e Convencionais. Esta análise é meramente ilustrativa, pois as subdivisões
e especializações são definidas e classificadas de formas ligeiramente
diferentes em cada campo de conhecimento, mas já serve para se ter uma noção de
proporção.
Outra questão é a relação com o
termo Mistérios, que costuma ser frequentemente associado ao Estudo do Oculto.
Isso diz respeito ao estudo do que se encontra Oculto, sendo algo com o que se
vem a tomar contato como sendo uma fase no desenvolvimento em si.
Existem diversas etapas pelas
quais passamos em nossa busca pelo conhecimento do que se encontra oculto aos
nossos sentidos. Isto ocorre justamente pelo fato de que não existe tal coisa,
pois mesmo que esteja oculto para os cinco sentidos ainda assim estará ao
alcance de nossa percepção e quando não, ainda assim, estará ao alcance de nossa
compreensão.
Tais etapas são caracterizadas
pelos meios que temos e percebê-las e compreendê-las, sendo que não há de fato
separações que distingam aquilo que se encontra Oculto daquilo que se encontra
evidente, tal como não há distinções dentro da diversidade de coisas que se
encontram ocultas para nós.
Assim, se existem separações que
são usadas para classificar e assim melhor compreender esse universo, estas são
definidas pelos nossos próprios sentidos, ou seja, uma mesma coisa poderá ter
um sabor, uma cor, um aroma, uma textura e um som e nós estaremos analisando
separadamente cada aspecto de acordo com o sentido que vai estar sendo
utilizado.
Igualmente ocorre com aquilo que
é percebido por outros sentidos, como a vibração, a emoção, a idéia, que aquela
mesma coisa transmite, tornando assim também parte do universo Oculto aquilo
que já é conhecido e percebido objetivamente através dos cinco sentidos.
Acima dos sentidos, tanto os
objetivos quanto os sutis, temos a compreensão, que nos permite constatar que
embora analisemos aspectos diferentes de uma mesma coisa esta ainda assim será
uma coisa única, portadora de todas essas características, nos permitindo um
senso de síntese.
Nossa mente está muito acostumada
a compartimentar e fracionar as coisas por ser essencialmente analítica, de
modo que não analisamos o conjunto da coisa e sim suas partes, sendo que o meio
de pensar a cerca das coisas ocultas acabará se distinguindo por ser uma forma
de ver que envolva o conjunto no qual cada parte se vê inserida obtendo-se
assim uma síntese, sendo assim um modo de pensar mais filosófico.
Dessa forma o estudo do Oculto
leva ao conhecimento do todo, de modo que ao analisar cada coisa estaremos
analisando também o conjunto delas e igualmente o conjunto no qual nós nos
encontramos inseridos. Daí afirmações do tipo "Conhece-te a ti mesmo e
conhecerás a Deus e ao Universo" assumem um sentido mais literal do que
poético como costumaria nos parecer.
Mistério seria uma forma de
quintessência resultante da compreensão de tudo que possa ser apreendido. De
modo que o Mistério não é algo que esteja ao alcance de ser compreendido pela
mente, mas sim por algo mais elevado e sutil, frente a que a própria
compreensão já seria demasiado grosseira.
De modo que os termos Oculto e
Mistério, não fazem alusão a coisas que sejam Ocultadas ou Escondidas, mas sim,
que se encontrem numa condição que ultrapasse nossa capacidade de mensurar, e
tal dificuldade não se dá por se tratarem de coisas demasiadamente grandes ou
pequenas apenas, mas também por serem de natureza diversa da realidade na qual
nos encontramos inseridos.
Então de todo o conjunto de
conhecimentos que compõe o Ocultismo a parte conhecida como O Mistério ou Os
Mistérios é que costuma ser explorado no desenvolvimento Iniciático, Místico,
Alquímico e Mágico, independente do Caminho Escolhido, quer seja Direita,
Esquerda ou Centro, bem como seu conhecimento se encontra na raiz de toda e
qualquer modalidade Mágica.