Ceticismo. É algo sempre presente
para todo estudante sério das Ciências Ocultas. Não bastando todo o Ceticismo
necessário aos nossos estudos e práticas, todo o questionamento ao qual nos
submetemos em busca de obtermos o mais alto grau de credibilidade em tudo que
nós realizamos, constantemente nós somos postos a prova e contestados pelos
questionamentos daqueles que desconhecem nossos métodos e a própria natureza
das forças e mistérios com os quais lidamos.
Nem sempre encontramos quem do nosso
meio se torne celebre para o grande público e quando isso ocorre os ataques e
questionamentos lhes chegam dos mais diversos setores da sociedade, desde os
céticos de linhas de pensamento mais focadas nas Ciências Convencionais, até
mesmo de Religiosos que se apegam a seus códigos e doutrinas não dando margem a
uma visão mais ampla da realidade que os cerca.
Mas um caso curioso foi o do
Casal Warren, Edward e Lorraine Warren que ficaram conhecidos como
investigadores paranormais. Eles se tornaram muito populares por sua exposição
à mídia e foram incorporados à cultura popular por meio de publicações de suas
histórias e experiências dando origem a filmes e documentários. Sem dúvida seu
papel na divulgação do fenômeno Paranormal e dos mistérios do Oculto foi de
grande valia para nosso meio, nos trazendo desde novos interessados no estudo
dos Mistérios Espirituais, até contribuírem com casos mais bem documentados de
fenômenos psíquicos nos servindo de material de estudo relevante, nos levando
inclusive a questionamentos e nos instigando à pesquisa.
A abordagem desses temas em geral
leva a debates acalorados e dicotomias muito rígidas que não elucidam nem
explicam os fenômenos e acontecimentos. Limitando assim o entendimento e
levando a visões mais extremistas que buscam desacreditar ou contra argumentar e
em ambos os casos apoiados em bases emotivas que levam a vereditos
inconclusivos.
Procuro aqui não enveredar por
essa linha de debate, mas sim analisar os dois lados, dos que vivenciam a
experiência Paranormal e os que questionam sua veracidade. Buscando nos
conhecimentos Ocultos explicações para esse choque do encontro entre as
realidades, objetiva material e subjetiva dos mundos supra física.
Existe uma tendência natural
daqueles que vivenciam experiências psíquicas em aumentá-las, em especial
quanto a suas manifestações físicas, com o simples propósito de tentar de
alguma forma compartilhar sua vivência de modo que seja entendida em toda a sua
amplitude por outros. Esses excessos são geralmente aquilo que torna suas
histórias tão interessantes para aqueles que as ouvem e são assim cada vez
aumentadas mais a cada vez que os relatos são retransmitidos.
Isto se torna uma arma na mão
daqueles que buscam desacreditar as ocorrências, que irão deixar de analisar o
ocorrido para atacar os excessos como se tudo não passasse de manipulação,
acusando aqueles que a protagonizam de má fé. Considerando a tudo como fraude,
como se isto por si só explicasse a tudo que acontece.
Esse tipo de abordagem dos
Céticos leva a que indivíduos que vivenciam situações atípicas, de fenômenos
sobrenaturais e paranormais acabem por não relata-los por temerem serem
desacreditados. Esta situação é frequentemente mostrada em livros e filmes que
tratam do tema. E é este tipo de situação que procuro aqui evitar.
Primeiramente vejamos o ponto de
vista daqueles que passam por uma experiência inexplicável. Sendo o indivíduo
alguém de fora de nosso meio, que desconhece a Natureza dos Planos Sutis, acaba
por se sentir aflito e apenas preocupado em encontrar alguma forma de solução
para seu problema. Ao buscar por auxílio, natural e acertadamente se irá
procurar por explicações mais simples, objetivas e materiais para o ocorrido,
se valendo de seu próprio ceticismo. Procurando assim por explicações materiais
e objetivas.
No Campo das Ciências
Convencionais teremos então os Psicólogos, Psiquiatras e até chegar à área de
atuação dos Parapsicólogos que muitas vezes não chegam a de fato encontrar uma
solução ou explicação para o ocorrido. Observando que aqui neste caso não estou
me referindo aos casos nos quais se encontre uma explicação simples, material e
objetiva. Mas sim àqueles casos dos quais tratam esses relatos que se tornam
muito conhecidos por serem vistos justamente como Mistérios Inexplicáveis.
As Manifestações Físicas de
Fenômenos Psíquicos são casos extremos e de grande impacto psicológico para
quem as vivencia. É natural que o indivíduo venha a buscar por ajuda e esta nem
sempre é obtida, pois quando se faz um relato de tais acontecimentos as primeiras
medidas tomadas por aqueles a quem se solicita serão voltadas a atender
interesses próprios, deixando de lado as necessidades de quem lhes pediu ajuda.
Há casos nos quais o
“profissional” a quem se recorre estará mais interessado em buscar provas que
corroborem seus próprios conceitos pré-concebidos, quer seja a ideia de que
todo fenômeno obrigatoriamente terá uma explicação física, material e então se
trataria de um engano da parte da pessoa ou uma mera fraude, quer seja o
conceito contrário, de procurar comprovações físicas, materiais que
“comprovassem” a ocorrência dos fenômenos psíquicos.
Ambos os casos, de Céticos e
Entusiastas caem nesse senso comum de que a Realidade Material seria o elemento
principal a ser considerado. Imaginemos a situação de quem vivencia Fenômenos
Físicos mais extremos como Telecinese, Pirocinese, Pirogênese, ou mesmo
aparições, ruídos, ou ainda coisas mais sutis como a sensação de presenças
estranhas.
Alguém que vivencie tais
ocorrências estará buscando antes de qualquer coisa uma explicação e uma
solução. E ao buscar ajuda a alguém em quem deposita sua confiança, este lhe
traz logo de imediato, questionamentos sobre a honestidade do indivíduo,
tentando em primeiro lugar comprovar se este não estaria forjando o acontecido como
uma forma de autopromoção.
Sim, existem charlatões em nosso
meio, mas geralmente se apresentam como conhecedores dos processos Ocultos bem
como se apresentam como autores de Fenômenos Paranormais. Seria de se levar em
consideração as motivações que alguém sem um histórico de fraudes ou
manipulações dessa natureza, sem qualquer envolvimento com esse tipo de
atividade, teria para promover tal tipo de “espetáculo”. Autopromoção em que? O
que estaria sendo promovido, que imagem estaria sendo vendida? Quem benefícios
obteria de tal exposição?
Já havendo honestidade da parte
da “vítima”, ao menos até que se comprovasse o contrário, não haveria problemas
em se descartar possibilidades. Ou seja, não sendo algo que se comprove
totalmente como não tendo sido realizado por manipulação ou causas físicas
explicadas, descartando-se problemas psicológicos que viessem a colocar em
dúvida a palavra do indivíduo e seus relatos, então se haveria de ter a
honestidade intelectual de admitir que tal acontecimento simplesmente não possa
ser explicado pelos seus conhecimentos dentro de sua área, quer seja,
psicológica, psiquiátrica ou mesmo parapsicológica.
É uma premissa das Ciências
Convencionais a dúvida, ou seja, descartando o que se conhece admitisse a
ignorância sobre o assunto. Aí chegamos ao Campo de atuação das Ciências
Ocultas. Mas o problema é que geralmente existe uma tendência a tentar
desacreditar o próprio Ocultismo e cada evento desta natureza é visto como uma
oportunidade de se fazer este ataque.
Nesse cenário tão complicado a
“vítima” de tais Fenômenos inexplicáveis fica sem opções a quem recorrer.
Geralmente acaba recorrendo a Religiosos, mas como cada Religião tem seu campo
específico de atuação também estes muitas vezes não têm aquilo que o indivíduo
precisa e busca naquele momento, que seria explicação e solução para a situação
vivida.
Vendo-se os relatos de casos
tratados pelo Casal Warren, casos esses que se tornaram muito conhecidos, como
os ocorridos em Amityville nos EUA e em Enfield na Inglaterra, sobre os quais
foram inclusive feitos filmes, vemos situações nas quais as “vítimas”
recorreram inicialmente à Igreja Católica, cujo campo de atuação permite
oferecer soluções em alguns casos de possessão demoníaca, mas nem sempre em
casos de manifestações Mediúnicas.
Em outras situações vemos quem
recorra a Médiuns Espíritas, sendo que em muitos casos seu campo de atuação não
lhes permite oferecer soluções mais efetivas em situações de possessão
demoníaca. Quando não, acaba-se recorrendo a Parapsicólogos, que no caso
estarão mais interessados em fazer testes em busca de explicações Físicas para
os Fenômenos, sendo uma Ciência “jovem” por assim dizer, que ainda se dedica
muito mais a pesquisas para obter suas próprias respostas, nem sempre tendo
respostas ou explicações a oferecer à “vítima”.
O foco no fator Material é um
equívoco no qual incorrem mesmo estudiosos de nosso meio. Por vezes um fenômeno
físico produzido “voluntariamente” pela pessoa, por meios físicos comprováveis,
com a alegação de ignorância de ter praticado tal ato por parte da “vítima”,
não implica obrigatoriamente numa mentira, numa fraude, ainda que se constate
não haverem fatores psicológicos que justificassem a inconsciência do ato.
Podendo, na maioria dos casos, tratar-se claramente de um Fenômeno Mediúnico
pelo qual o indivíduo é induzido a realizar tal ato, de forma inconsciente.
A multidisciplinaridade do Casal
Warren permitiu a eles uma visão mais ampla das ocorrências lhes permitindo dar
apoio e alívio às “vítimas” apresentando explicações e soluções em boa parte
dos casos. Sendo que essa visão mais ampla costuma faltar à maioria dos
pesquisadores do Oculto, que acabam se restringindo às suas especialidades de
acordo com sua linha de atuação. Quando na verdade as Ciências Ocultas em seu conjunto
apresentam diversos meios de oferecer explicações e soluções.
Agora vendo pelo ponto de vista
de quem se propõe a ajudar quem passa por situações como estas. É preciso
igualmente determinar até onde se estende o nosso campo de atuação. Pois no
campo material já temos as Ciências Convencionais a oferecer respostas, cabendo
a nós tratar daquilo para o que eles não possuem explicação. E nossas
explicações devem ser pautadas em nossos conhecimentos e não nos deles. Ou
seja, não estaremos tratando de cérebros e seu funcionamento, mas sim da mente,
da consciência, da percepção subjetiva e do modo como essa subjetividade se
manifesta.
Às vezes quer me parecer que o
Ocultista em geral acaba se deixando influenciar pelo senso comum, pelo
imaginário popular, pelo pensamento dos profissionais das Ciências
Convencionais e seus métodos, pelos dogmas, doutrinas e preceitos morais e
filosóficos de cada Religião à qual se esteja ligado. Com isso acabamos nos
sujeitando a juízos de valores alheios aos nossos conhecimentos. Como se um
médico devesse levar em consideração o parecer de um engenheiro civil para
tomar uma decisão quanto a um diagnóstico.
Não há dúvidas de que Fenômenos
Físicos são impressionantes, mesmo para quem já tenha alguma vivência no campo
do Oculto, ainda assim se algum Fenômeno nos é relatado, o fato dele ter de
fato ocorrido a nível físico ou não, não é fator determinante para se
considera-lo como tendo sido real, nem para se atribuir ao indivíduo uma
suspeita de fraude. Pois em nossa vivência espiritual, nós mesmos passamos por
experiências inexplicáveis, intensas, marcantes, que por vezes chegam a marcar
mudanças profundas em nossas vidas, mesmo sem que tenha ocorrido absolutamente
nada a nível Físico. E nem por isso foram menos reais ou verdadeiras.
Em geral a ocorrência de efeitos
físicos seria a última consequência de um processo longo que esteve se passando
a níveis mais sutis sem que se tivesse dado a devida atenção. Situações nas
quais se observa com bastante antecedência sinais de Manifestações Mediúnicas
da parte dos envolvidos. Processos Psíquicos profundos que por vezes passam
despercebidos pela análise de Psicólogos e Psiquiatras, que acabam ficando
encobertos por síndromes e problemas psicológicos já conhecidos e abafados pelo
uso de Drogas Psicoativas.
Por vezes o consumo de Álcool e
outras substâncias por parte dos envolvidos ao contrário de invalidar a
ocorrência, ou a confiabilidade dos relatos, são por si só sintomas de todo um
processo que se passa nas sombras, fora das vistas daqueles que analisam apenas
ou em primeiro lugar os aspectos físicos da questão.
Os Fenômenos Físicos embora sejam
o que há de mais chamativo, ainda assim não são o fator principal nem as raízes
de tais Processos pode ser encontrada a nível físico. Sendo estes muito raros e
bem menos sensacionais do que se mostra nos filmes, mas por menores que sejam,
são impactantes e perturbadores para quem os vivencia e sem dúvida o mais
importante nesses casos é dar alguma atenção à pessoa em si, sem nos
importarmos tanto em procurar provas materiais para os Fenômenos Espirituais,
pois não será assim que conseguiremos o aval das Ciências Convencionais. E muito
especialmente devemos nos questionar porque deveríamos buscar por esse aval.
Seria como se um poeta romancista precisasse ser reconhecido pelo Conselho
Nacional de Odontologia para legitimar e dar credibilidade a sua obra e seu
trabalho literário.
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