Existe algo de muito particular
na condição humana que consiste na perspectiva de um indivíduo antecipar-se à
Natureza e ao ritmo natural de sua própria experiência consciencial. Neste
sentido, para que possamos compreender este processo é preciso que se considere
o contexto no qual este fenômeno se dá.
Tomemos como ponto de partida o
conceito de "Evolução". Tradicionalmente se considera que esta ocorre
através dos Reinos ao longo de incontáveis milênios em que observamos
"ondas de vida" se sucedendo desde o Reino Mineral, passando pelo
Reino Vegetal e chegando ao Reino Animal, alcançando assim conquistas tais como
Existência, Percepção, Expressão e sobretudo Consciência.
Este processo é impulsionado por
Forças Invisíveis da própria Natureza que zela para que a vida venha a adquirir
tais atributos tornando-se então mais e mais complexa em sua manifestação.
Em cada um destes Reinos a
existência é vivenciada em condições próprias e específicas, tendo sua
trajetória fracionada em fases e por meios próprios pelos quais, através da
sucessão de experiências vividas, se venha a adquirir o nível de completude que
permita superar aquela condição atinente àquele Reino em particular, avançando
assim dentro desta grande "cadeia evolutiva" rumo a uma nova etapa.
Quando falamos em
"Evolução" é comum que se direcione a discussão para a análise do
termo em seu contexto, tal como é empregado nas Ciências Convencionais. No
entanto, esta expressão assume um viés diferenciado no estudo das Ciências
Ocultas. Não que a evolução em sua visão Darwiniana seja negada, mas sim que
não é desta definição de evolução que se está falando.
Neste contexto que abordamos aqui
vemos que a evolução dos corpos físicos, bem como os processos de adaptação e
sucessão de espécies, se especializando e se tornando complexas, seria em
última análise um reflexo, como manifestação, de uma "evolução" que
ocorreria à vida que habita tais corpos, de modo que o aperfeiçoamento dos
corpos viesse a servir como uma adaptação por parte da Natureza no sentido de
fornecer um melhor veículo que venha a atender as necessidades daquela vida que
experimenta uma nova etapa de experiências.
Assim, ao falarmos em "Evolução" dentro do Universo das Ciências Ocultas estaremos nos referindo muito especialmente a um processo ocorrido à Vida que habita os corpos e não aos corpos propriamente ditos.
Então nos perguntaríamos em que
consistiria este tipo de evolução. Embora de certa forma a pergunta mais
relevante seria, o que estaria evoluindo?
Talvez, por entender que o termo
evolução, ainda que frequentemente utilizado e tendo seu significado
sub-entendido, não viria a definir claramente o processo em si, pois em muitos
aspectos serviria para "resumir" o tema e não para defini-lo, que o
apresentei até aqui entre aspas.
Pois o termo evolução nos dá a
idéia de alguma coisa que venha a se transformar em algo superior, quando o
processo como um todo é mais complexo que isto. Sendo assim, reavendo a questão
de o que estaria evoluindo, chegamos a que nada estaria realmente se
transformando em algo superior, mas sim que a etapa desta jornada referente aos
"Reinos Ascendentes", sendo esses o Mineral, o Vegetal, o Animal e os
que os sucedem, se caracteriza por uma sequência de eventos que poderia ser
definida como um "Desenvolvimento Consciencial".
É importante para seguirmos nesta
linha de raciocínio que nos detenhamos um pouco no conceito desta expressão, de
modo que o termo desenvolvimento estará sendo utilizado aqui não como um
sinônimo de evolução, mas sim como um termo que define mais literalmente o fenômeno
em si.
Desenvolver-se consiste em
livrar-se daquilo que o estaria "envolvendo". Neste caso a Vida se
encontraria inicialmente no Reino Mineral com sua Manifestação envolvida,
obliterada, como que coberta por um envoltório, de modo que as Forças da
Natureza lhe impulsionam a romper com estas limitações a fim de que este venha
a despertar em sua Existência Manifestada na condição de um Ser.
Normalmente este estudo nos leva a
certos questionamentos comuns, justamente como resultado da sobreposição de
terminologias que conceitos como "evolução" nos trazem. Pois dentro
do estudo das Ciências Convencionais o Reino Mineral não é reconhecido como
"portador de vida".
Em função disto é que fiz questão
de ressaltar esta distinção entre os conceitos dos dois ramos de Ciências
(Convencionais e Ocultas), de modo que cada qual possui uma abordagem e um
sistema de classificação próprio. E mesmo que se empregue por vezes os mesmos
termos, estes possuirão significados particularmente diversos.
Agora analisando esta condição de
envolvimento no qual esta Vida se encontra, veremos que o
"desenvolvimento" se dará por etapas, de modo a que o Ser venha a se
despir destes envoltórios até alcançar uma manifestação cada vez mais ampla e
completa de suas potencialidades.
Tomando-se por ponto de partida a
natural plenitude na qual se concebe esta Vida e teremos em suas
potencialidades parcelas de um todo que serão gradativamente, por assim dizer,
"descobertas".
Assim teremos que a condição Mineral
consiste em uma Vida cuja Manifestação de Existência se encontra obstruída de
modo que não ocorre a Consciência de Existência por parte desta Vida. Em outras
palavras, o Ser não está ciente da existência. Neste caso vemos o Ser
mantendo-se envolvido em um estado de inconsciência análogo ao do sono.
Já uma vez em sua condição
Vegetal, o Ser, a Vida ali presente ainda não é ciente de sua própria Percepção
embora tenha noção de existência. Permanece esta Vida envolvida por sua própria
noção de Existência, como um Ser recém desperto que teme voltar à inconsciência
e evita o sono.
Enquanto a condição Animal se
define por uma Manifestação na qual não há Consciência de sua própria
Expressão. O que envolve o Ser quando nesta condição é justamente o fascínio dos
Sentidos que lhe ocupam a atenção sufocando a Consciência em uma torrente
contínua de sensações cada qual mais intensa e envolvente que a anterior.
Observemos então neste ponto que
o conceito de "Evolução Espiritual", quando melhor explicado se nos
apresenta como algo diferente do que poderia nos parecer a primeira vista.
Inicialmente temos que o processo
consiste muito mais em um "desenvolvimento" do que em uma
"evolução", pois não se trata de um ente que se torne algo além, mas
sim de um elemento essencialmente pleno, que tendo sua manifestação
restringida, gradativamente se livra daquilo que o tolhe.
Ao mesmo tempo que o termo
"espiritual" igualmente não define claramente o evento, pois não se
trata de um "desenvolvimento" do Espírito em si, mas sim da
Manifestação Consciencial do Ser.
Vimos até aqui que nesta longa
trajetória através dos Reinos da Natureza a Vida se desenvolve passando
gradualmente por distintas "condições" nas quais venha a se
encontrar.
Ou seja, consiste em uma mesma e
única Vida, que a cada etapa vivencia experiências próprias que definem o
estado no qual se encontra, quer seja ele Mineral, Vegetal ou Animal.
Após esta Vida adquirir
Consciência de Existência, de Percepção e de Expressão esta virá a adquirir
Consciência de Si Mesma, ou por outra, vir a se tornar ciente de sua própria
consciência. Isto caracteriza a condição Humana, e assim esta etapa é chamada
de Reino Humano, ou "Reino Hominal".
Nesta etapa em particular ocorre
uma alteração marcante no que se refere ao processo como um todo, pois até
então a Vida se via obstaculizada por elementos que vinham a tolher sua
Manifestação e agora, não mais tendo o que lhe restrinja a sua Consciência de
Existência, Percepção e Expressão, o "desenvolvimento" ocorre no sentido
de que a própria Manifestação em si torna-se algo que restringe a plena
Consciência de Si Mesmo, ou ainda, sua Auto-Consciência.
Por sua vez a Auto-Consciência em
si, para que se Manifeste, tem por pré-requisito a existência de uma
"unidade individual". Ou seja, para que se tome ciência de si mesmo,
é preciso que exista tal entidade específica como, a um só tempo, autora e
objeto da ação.
Assim ocorre que a transição do
Reino Animal para o Reino Humano se dá por um mecanismo natural conhecido como
"Individualização", no qual a Vida deixa de ser vista como um todo e
se transfere o foco para o Ser Vivente.
Este fenômeno distingue o Reino
Humano dos demais Reinos que o precedem, criando assim uma nova figura
consciencial chamada de "Individualidade", ou em termos mais simples,
poderíamos dizer que a partir do Reino Humano se torna possível ao Ser
definir-se como uma entidade única distinta de todas as demais, um indivíduo,
capaz de se auto-denominar "eu".
Isto posto, retomemos a afirmação
inicial de nossa análise sobre o tema:
"Existe algo de muito
particular na condição humana que consiste na perspectiva de um indivíduo
antecipar-se à Natureza e ao ritmo natural de sua própria experiência
consciencial."
Ou seja, ocorrem dois fenômenos
neste caso, sendo o primeiro a questão de que as Forças Invisíveis da Natureza
às quais nos referimos, uma vez que estas nos impulsionam à Manifestação de
nossas Potencialidades e a Condição Humana consiste no
"desenvolvimento" ou desenlace, das limitações à Auto-Consciência que
estas mesmas Manifestações nos trazem, veremos que o desenvolvimento humano,
diferente ao dos demais Reinos, se dá num sentido contrário a estas Forças da
Natureza.
Já o segundo consiste em que, uma
vez sendo o Humano um Indivíduo, uma unidade particular, e não mais um todo, ou
uma Vida em Manifestação plena, este terá seu desenvolvimento igualmente
entregue ao seu próprio encargo como indivíduo e não mais coletivamente como
ocorre aos demais Reinos que o precedem.
Assim se dá o que foi referido na
afirmação inicial, em que a condição humana propicia a que um indivíduo venha
a, voluntariamente, de modo independente, acelerar o seu desenvolvimento, sem
que para isso seja necessário que toda a massa humana venha a acompanhá-lo.
A isto pensadores do passado
vieram a chamar de "Livre Arbítrio", sendo tal atributo um
diferencial absoluto do Ser Humano que o distingue de todos os demais Reinos e
condições anteriores.
Até este ponto o que fizemos foi
elucidar o contexto de tudo aquilo que envolve o processo conhecido como
Iniciação, sendo que sem termos uma noção clara destes conceitos preliminares o
tema acabaria ficando bastante obscuro e de difícil compreensão.
Deste modo fomos definindo o foco
de nossa análise, buscando desde um cenário mais amplo até chegarmos ao
contexto puramente humano e seu desenvolvimento consciencial particular. Assim
chegamos apenas até aquilo que define a condição humana em sua natureza básica
e nesta ainda nos deteremos um pouco mais para se conceituar em que ponto
encontramos a Iniciação neste contexto específico.
É possível então, observando no
mundo fenomênico a manifestação da Natureza física, constatar que esta se dá através
de ciclos que se sucedem. Desta forma rítmica suas forças nos impulsionaram
desde os Reinos anteriores até a nossa condição Humana e como resultado desde
impulso inicial, já dentro de nossa realidade humana, ainda por alguma porção
de tempo, viemos a seguir na mesma "direção" enquanto não assumimos
as "rédeas" de nosso próprio desenvolvimento.
Assim, a humanidade como um todo
tem seus indivíduos vivenciando um mesmo momento de seus desenvolvimentos. Da
mesma forma que em larga escala observamos etapas distintas de desenvolvimento
identificadas aqui pelos Reinos, assim também para cada condição em que nos
encontramos, como no caso da condição humana, teremos também etapas que
subdividem tal vivência em fases.
Diferente do que ocorre ao nível
dos Reinos, estas fases, embora se sucedam e aparentem se tornar mais
complexas, não irão obrigatoriamente representar uma graduação de sucesso, mas
sim uma variedade de experiências, que uma vez vivenciadas vêm a contribuir com
o desenvolvimento como um todo.
Não mais podendo contar com o
impulso daquelas Forças Primordiais da Natureza para o nosso
"avanço", a trajetória deverá ser cumprida a partir de nossas
próprias Forças enquanto Indivíduos. Mas isso não significa que a condição
humana consista em uma situação de abandono por parte da Natureza, pois esta
ainda irá nos dispor da "trajetória" em si.
Tal ocorre pelo próprio modo como
a Natureza e os Reinos vieram a se manifestar desde as realidades mais sutis
até a realidade física, tendo as Forças que nos impulsionaram moldado, ou
aberto, uma "trilha" que nos indica "o caminho de volta".
Devido aos próprios ciclos da
Natureza é que se deu que a nossa humanidade atual viesse a surgir, com a "Individualização"
massiva das incontáveis entidades que a compõe, tendo tais indivíduos sua recém
conquistada Auto-Consciência em uma experiência tal que, nos seus primórdios,
estes vieram a percorrer uma trajetória de desenvolvimento que reproduziria um
percurso inverso ao dos Reinos anteriores.
Em outras palavras poderíamos
dizer que as experiências de Auto-Conscientização se deram inicialmente ao se
tomar consciência de sua própria Expressão, para então constatar sua própria
Percepção, até vir a se ver ciente de sua Existência Manifestada. Mais
especificamente em nossa Realidade Material. Etapa esta, aliás, na qual a
grande massa humana, em sua maioria se encontra na atualidade.
A questão é que até este nível de
desenvolvimento as experiências foram vividas em uma condição de passividade,
ainda tirando proveito do impulso primordial herdado das experiências
anteriormente vividas pelos Reinos anteriores.
Teoricamente, podemos especular que,
mesmo levando alguns milênios ou mais, na massa humana se terá um abandono
desta condição inercial presente, de modo que sua maioria de indivíduos venham
a assumir seus próprios caminhos de "desenvolvimento espiritual".
Se tal não ocorre, não significa
que não esteja ao alcance dos indivíduos buscarem por tal objetivo de forma
independente. E assim se deu que ao longo dos últimos milênios, nos quais a
humanidade como um todo se manteve "envolvida" na própria
manifestação de suas potencialidades terrenas e cientes apenas de suas
existências, alguns indivíduos vieram a buscar o seu próprio
"desenvolvimento" de modo independente.
Nesta busca, tais indivíduos se
dedicaram ao estudo e à transmissão do conhecimento aos que lhe sucedessem
nesta empreitada, compondo assim aquilo que mais tarde viria a ser chamado de
Ciência (Conjunto de tudo aquilo do que se é ciente) e dentre estes estudos,
através de conhecimentos hoje tidos como "Ciências Ocultas" vieram a
constatar tal estrutura da Natureza em sua sucessão de Reinos e com isto vieram
a descobrir a existência de um padrão neste processo.
Com base neste padrão foi
possível observar, situar e definir a Condição humana, a trajetória de desenvolvimento
seguida até então e a partir disto projetar perspectivas e ter um vislumbre das
etapas seguintes pelas quais a humanidade deveria vir a passar, para que se
cumpra a etapa humana dentro deste processo, descobrindo com isto a existência
de Reinos posteriores ao nosso.
Assim foi possível definir que
haveria, a grosso modo, três etapas básicas de desenvolvimento pelas quais o
indivíduo humano deveria passar para se ver pleno em sua Auto-Consciência. Para
só então, depois disto, poder vir a almejar superar a condição humana e
"despertar" para um novo Reino.
Tais descobertas sobre esta
realidade e perspectivas quanto ao viver humano foram feitas por diversos
estudiosos em várias partes do mundo, nas mais diversas culturas e cada qual
por sua vez buscou estabelecer critérios e meios, não apenas de promover tal
desenvolvimento como também de avaliar que etapa estaria sendo vivenciada por
cada um.
Com isso surgiram diferentes
modos de buscar este propósito, sendo que basicamente é possível distinguir
dois ramos de doutrinas, que podem nos servir como referência por suas abordagens
e maneiras de se alcançar as realizações deste aprimoramento humano, sendo que
um podemos chamar de "Caminho Místico" e o outro de "Caminho
Iniciático".
Para que se compreenda a
distinção que existe entre estas duas maneiras de percorrer este "Caminho
de Desenvolvimento Espiritual" é preciso que se observe que, na condição
humana, ou seja, na condição de indivíduos auto-conscientes, se chegou à
constatação, por meio do estudo das "Ciências Ocultas", da existência
de uma realidade dupla na individualidade humana. Esta dualidade consiste em
uma porção Consciente e outra Inconsciente na constituição do ente vivente.
E então esta distinção ocorreu
pela maneira dos indivíduos que buscavam este desenvolvimento lidarem com estes
dois aspectos de sua constituição consciencial, de maneira que o ramo
"Místico" teria como característica básica a busca do praticante por
estabelecer uma afinidade e concordância consciente de modo a se permitir
"guiar" pela sua porção inconsciente.
Como estamos tratando aqui do
"Processo Iniciático" não nos deteremos nas razões e princípios que
definem o "Caminho Místico" nem como se daria este processo, tendo
sido mencionado aqui apenas para que se pudesse situar e definir com mais
clareza o ramo "Iniciático".
Nisto o ramo Iniciático se
distingue por consistir numa busca em disciplinar sua porção inconsciente
através do "fortalecimento" da porção consciente. Nesse sentido
teríamos, dentro do Processo de Desenvolvimento Espiritual como um todo,
através do meio Iniciático o propósito de adquirir atributos que permitam ao
indivíduo galgar os degraus das etapas previstas para o avanço do ser humano.
Dentro daquilo que mencionamos,
desta subdivisão das experiências vindouras do ser humano em três etapas
básicas, teríamos nelas aquilo que poderíamos chamar de "Graus Iniciáticos
Naturais" que corresponderiam a sucessão de atributos inversa àquela
vivida pela humanidade em seus primórdios.
Começando por superar a consciência
simples de Existência mundana buscando se tornar um ente ativo e capaz de
Manifestar sua Auto-Consciência para além desta experiência terrena em direção
ao "desenvolvimento" de sua Percepção, agora não mais na direção a
uma Manifestação externa, ou aos mundos fenomênicos mais densos, mas
voltando-se para uma forma de Percepção Interior que busca abarcar planos mais
sutis.
Este "desenvolvimento"
dentro do "Caminho Iniciático" é buscado por meio da busca e
aprimoramento de atributos tais quais disciplina e força de vontade, com o
propósito de promover uma capacidade de domínio próprio a ponto de não se
permitir envolver pelas percepções e manifestações do cotidiano comum da vida
material.
Assim, ao longo do tempo os
antigos estudiosos destes processos foram se aprofundando, através das técnicas
criadas para este fim e a medida que alcançavam estes níveis de
desenvolvimento, superando cada uma dessas etapas, ou "Graus", foram
se deparando com realidades conscienciais e experiências cada vez mais
desafiadoras e que levavam a que se buscasse para cada etapa conquistada o desenvolvimento
de novos atributos.
Nesta jornada rumo a estes misteriosos
horizontes de conhecimentos e experiências, não apenas os primeiros, mas até a
atualidade, sempre se pôde contar com o auxílio daqueles que já passaram por
este processo e já superaram a condição Humana, sendo que, salvo raras
exceções, não vivem entre nós a níveis físicos.
Sempre houve aqueles que uma vez
começada esta "jornada", quiseram transmitir este conhecimento e
compartilhar suas experiências, mas quanto mais estes indivíduos avançavam
maior se tornava a dificuldade em exprimir claramente o que era vivido, só
sendo compreendidos por aqueles que igualmente tivessem vivenciado os mesmos
fenômenos.
Assim esses conhecimentos
passaram a ser tratados apenas entre aqueles que viessem a praticar tais
técnicas, transmitindo somente àquele que estivesse dedicado e engajado em
desenvolver os atributos necessários para cada etapa deste
auto-desenvolvimento, de modo que se formavam grupos e escolas dedicadas a este
fim e se tornou inevitável que tais fossem "Esotéricas" (no sentido
mais literal do termo, de algo restrito e reservado).
O conhecimento de tais processos
da Natureza e do ser humano, dentre aqueles que seguiam um direcionamento mais
próprio do ramo Iniciático, passaram a ser tratados apenas de maneira
reservada. Embora não consistissem em segredos, já tendo sido melhor definidos
como "Mistérios", como na antiguidade se encontrava na Grécia as
chamadas "Escolas de Mistérios", dentre as quais talvez a que tenha
ficado mais conhecida tenha sido a de Eleusis.
Uma vez que tais conhecimentos se
fossem divulgados se mostrariam apenas e tão somente infrutíferos, por não
serem compreendidos por quem não estivesse se dedicando a este propósito, a
idéia e o interesse dos praticantes em transmiti-los às gerações futuras tinha
de ser apreciado com cautela. Deste modo se passou a estabelecer critérios de
avaliação sobre o nível de desenvolvimento no qual cada indivíduo naturalmente
se encontrava para só então convidá-lo a compartilhar suas experiências com
aqueles que também as vivessem e igualmente ter acesso àquilo que até então
aquele grupo já tivesse amealhado em termos de conhecimento e experiência no
assunto.
Com isto foram surgindo
procedimentos mais formalizados e mais rigorosos através dos quais se aceitava
ao novo membro dentro do grupo, instituindo-se uma forma ritualística de
representação do que seria o primeiro passo dentro desta escalada de graus de
desenvolvimento pessoal, que consiste em superar a vida comum de existência mundana,
para se dedicar ao auto-conhecimento.
Assim, se dizia que tal indivíduo
havia sido "Iniciado nos Mistérios da Natureza". Da mesma forma que
isto ocorria nesta etapa inicial, também era constatava uma certa distinção de
compreensão e de experiências em cada nova etapa vivida dentro deste processo
de "interiorização" do ser.
Igualmente se observava nestes
casos uma crescente dificuldade em especificar o nível de desenvolvimento no
qual aqueles que já estivessem adiante estariam vivenciando e o modo encontrado
de se sistematizar os estudos, práticas e técnicas de desenvolvimento, foi
definindo uma classificação por "graus" que simbolizassem
ritualisticamente o nível de "progresso" na jornada de cada um.
Assim surgiram diversas
subdivisões, que sempre variaram de acordo com o grupo ou escola, compondo
assim os chamados "Graus Iniciáticos", cabendo para cada um deles uma
Cerimônia de admissão, ou como ficou mais conhecido um "Ritual de
Iniciação".
A princípio, para aqueles que
vissem "de fora", pareceria mera formalidade simbólica, no entanto
existem outros aspectos envolvidos que dizem respeito à própria natureza
daquilo a que tais grupos se propõem a desenvolver, pois algumas destas
"Sociedades Iniciáticas" se dedicam a promover o estudo teórico,
enquanto outras buscam proporcionar um desenvolvimento a nível prático do
indivíduo.
Tais "Escolas
Iniciáticas" surgiram pela agremiação de estudantes dos "Mistérios da
Natureza", ou ainda das "Ciências Ocultas", que não se
restringem apenas a este fenômeno da condição humana no que se refere à
conquista de plenitude de sua Auto-Consciência, mas também a outros processos
mais complexos com os quais este se vê ligado, bem como ao estudo de diversos
conhecimentos tais como Alquimia, Teurgia e Magia, que dotavam ao
"Iniciado" recursos e condições de até mesmo servir como elemento
capaz de "despertar" a um indivíduo para esta "outra
realidade" diferente da vida comum, fazendo com que a ritualística
simbólica acabasse por precipitar uma real mudança de consciência por parte do
novo estudante.
Esta capacidade também se buscou aprimorar
dentro das "Ordens Iniciáticas" de modo a que determinados
"graus" visavam tornar ao "Iniciado" também um
"Iniciador".
Essa possibilidade de se alcançar
um Desenvolvimento Espiritual "Real" por meio das técnicas e práticas
criadas em determinadas Ordens, levou a que se estabelecesse um conceito mais
abrangente do termo "Iniciado", que tanto viria a definir aquele que
recém passou pela primeira Cerimônia de Admissão, como aquele que já alcançou
um dos "Graus Naturais" superiores ao Primeiro.
Com isto se estaria querendo
dizer que um "Iniciado" seria alguém que verdadeiramente estivesse
"adiante" espiritualmente da grande massa humana. Sendo capaz de
compreender Mistérios e realizar "prodígios" que outros não
compreenderiam e não seriam capazes de realizar.
Nesse sentido mais amplo, a
"Iniciação" não seria apenas e tão somente a uma Cerimônia de
Admissão, mas sim uma referência à toda uma trajetória de Desenvolvimento
Espiritual. Os simbolismos geralmente associados à Iniciação são em geral a
Morte, o Isolamento, ou mesmo a clausura como referência ao abandono do antigo
estilo de vida, bem como a perspectiva de um Renascimento e um novo mundo que
se descortine para além deste recolhimento.
Assista a Vídeo com tema relacionado:
Excelente abordagem.
ResponderExcluirQual a fonte do texto? Obrigado por ele. Paz, amor e luz.
ResponderExcluirOlá, este texto é de minha própria autoria como todos os que publico aqui no Blog. Ele tem por base meus estudos, constatações e conclusões a partir das diversas fontes com as quais tenho tido contato ao longo de minha jornada. Agradecido pela consideração.
Excluir"Este processo é impulsionado por Forças Invisíveis da própria Natureza que zela para que a vida venha a adquirir tais atributos tornando-se então mais e mais complexa em sua manifestação."
ResponderExcluirDizer que estas forças 'zelam' não implicaria dizer que há uma inteligência com Vontade por trás de tais movimentos naturais? Em caso afirmativo, como você explicaria isto?
Olá meu caro, neste caso sim você está correto em considerar que sejam inteligências, embora não exatamente com vontade própria. Essas Forças por vezes se manifestam como Seres não corpóreos de diferentes tipos e diferentes níveis. Aí temos por exemplo os Coros Angelicais, Reinos Elementais, Reinos Atômicos e Forças Primordiais. Cada qual ocupa seu próprio lugar nas grandes engrenagens do destino, de modo que mesmo sem vontade própria ainda assim acabam atendendo a impulsos e direcionamentos estabelecidos por suas coletividades conscienciais. Pode que não houve de fato um interesse ou objetivo específico desses seres em fazerem com que os Reinos Ascendentes Corpóreos fossem se tornando mais complexos e adquirindo tais características em sua trajetória, ainda assim esse acabou sendo o resultado de suas ações.
ExcluirExcelente abordagem. Mais claro que isso só se empenhando nos estudos, e de preferencia em uma escola iniciática.
ResponderExcluir