Do latim Umbra significando "Sombra" e do grego Latreia com o sentido de
"Adoração", sendo assim "Umbrólatras" algo como
"Adoradores das Sombras".
Atualmente poucas figuras são tão
comuns em nosso meio quanto eles, os Adoradores das Sombras. Trata-se de uma
constante, frequentemente observada entre os seguidores do Caminho da Mão Esquerda, que acabam por extrapolar os significados e simbolismos,
distorcendo-os por meio de classificações dicotômicas pelas quais se atribui a
um dos lados, o "escuro", todo o poder e ao outro, o
"claro", todas as fraquezas e fragilidades".
Criou-se com isso quase um
consenso popular que associa a "escuridão" ao mal e ao poder e
"claridade" ao bem e à fraqueza e a esta fraqueza se atribui a
responsabilidade por todas as mazelas da humanidade, associando a ela a falta
de convicção, falta de iniciativa, covardia, passividade, medo, corrupção,
manipulação, mediocridade, derrotismo, excesso de teoria e falta de prática,
falta de moral, falta de vontade e toda a sorte de inferioridades que se possa
vir a imaginar.
Em contra partida passam a
associar ao lado "obscuro" todas as qualidades que se atribuiria a um
guerreiro, como vontade, força, disposição, coragem, determinação, abnegação,
audácia, ousadia, honra, dignidade, altivez e toda a forma de poder e
superioridade, criando-se assim a dicotomia de uma realidade na qual você
deverá optar entre ser "bom e fraco" ou ser "mal e
poderoso", como se só existisse poder e desenvolvimento prático na adoração
à sombra, ou na adoração ao mal.
O que impressiona nesse cenário é
que os indivíduos não se dão conta da fragilidade de sua condição, pois a
adoração não faz do adorador tão poderoso quanto o objeto adorado. Então não
fará diferença que objeto se adore e nunca a adoração fará do indivíduo algo
além de uma pessoa comum, com suas próprias idiossincrasias e mediocridades.
Para quem pretende e almeja um
desenvolvimento "prático" esta postura se mostra bastante
contraproducente, pois não importa as qualidades daquilo a que se presta
adoração, não importa que adoremos à força, ao poder e todas essas qualidades
como praticidade ou eficácia, pois essa postura não nos atribuirá essas
qualidades.
Bem como não faz sentido a
adoração a entidades às quais se atribui essas qualidades, pois o fato de tais
entidades serem dotadas destas não fará com que isto seja desenvolvido por
indivíduos que simplesmente lhe prestem culto.
A questão é que hoje em dia essa
mentalidade é tão recorrente e tem se tornado tão extremada que mesmo beirando
ao ridículo os indivíduos não se dão conta da fragilidade de suas condições.
Pois é dada maior importância às aparências e a serem vistos como sendo
"sombrios", ou "do mal", que no seu entender são sinônimos
de "poder", do que efetivamente se dedicarem a um desenvolvimento
real de poderes que sejam seus e não de uma poderosa entidade
"maligna" a qual adore.
A obsessão é tão grande que se chega ao ponto
de distorcer conceitos, como se a mera adição de adjetivos fosse capaz de
atribuir um poder maior à entidade ou força natural. Assim vemos o sucesso de
livros que ostentam em suas capas títulos com termos tais como
"demoníaco", "satânico", "negro", "das
trevas" etc.
Então vemos estes indivíduos
obcecados por temas tais como "Árvore da Morte" como se essa fosse
uma antítese "negra" da "Árvore da Vida" das Sephiroth e
por isso seria mais "poderosa". Se vêem atraídos pela figura de
Demônios como se esses fossem antíteses "negras" dos Anjos e por
tanto mais "poderosos".
E assim esses conceitos foram
sendo extrapolados e aplicados a demais conceitos das Ciências Ocultas como se
esses necessitassem dessa dualidade, em situações como o conceito de
"Alquimia Negra", ou ainda a idéia de um Princípio Criador "do
bem" e um Princípio Criador "Sinistro", ou "Negro".
Mais um pouco vão acabar criando a idéia de um "Cristo Negro" para se
contrapor a todos os defeitos atribuídos a essa figura por associá-lo ao tão
repudiado "lado branco".
Os Universos são múltiplos, não
são apenas dois e não tem como serem classificados apenas em dois lados, em
apenas duas cores, não há como se colocar todas as qualidades separadas de
todos os defeitos, porque aquilo que é qualidade para um poderá ser defeito
para outro e sempre será assim quanto a tudo.
Não há aqui uma crítica àqueles
que se interessam pelo estudo dos aspectos mais obscuros e menos comentados das
Ciências Ocultas, mas sim a essa atitude caricata de distorcer significados
para adequá-los a uma visão tendenciosa e maniqueísta de como as coisas
deveriam ser.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Não havendo requisição em contrário os seus comentários poderão ser publicados sem consulta prévia.