sábado, 12 de dezembro de 2009

Natal


Certa vez ouvi um comentário de uma moça que dizia não ver sentido em termos um feriado dedicado apenas em homenagem a Papai Noel e à troca de presentes. Com tal declaração eu pude perceber que a falta de informação atualmente é ainda maior do que eu poderia supor.

Atualmente existem até mesmo aqueles que buscam explicações e justificativas, históricas, bíblicas e sagradas para a figura de Papai Noel, quando na verdade não passava originalmente de mera jogada de marketing, para que o comércio não tivesse uma queda das vendas nesta época do ano.

Outros ainda buscam cálculos mais exatos e precisos para questionar que o dia 25 de Dezembro tivesse sido mesmo a data de nascimento de Jesus Cristo. E com isso constatamos uma distorção no entendimento do que de fato representa esta data.

Os relatos encontrados nos evangelhos sobre Jesus Cristo não trazem um relato histórico, e sim, principalmente um conjunto de estórias criadas para transmitir determinados ensinamentos de maneira que fosse de fácil assimilação por parte da população da época e da região. Essas estórias sobrepunham figuras simbólicas comparando-as com figuras públicas conhecidas da época, relacionando os fatos ocorridos naquele período histórico com estórias criadas para levar adiante a mensagem que buscavam popularizar.

A começar pela própria figura de Jesus Cristo, especialmente se considerarmos que o termo Cristo é uma adaptação da palavra Krestus, de origem Grega, que se tratava de um título que foi atribuído a Jesus por ele ter alcançado um determinado nível de desenvolvimento espiritual. Tal palavra tem um sentido de "Deus Solar".

Assim também é preciso rever certos aspectos da vida daquele povo e daquela sociedade. Hoje em dia nós temos como exemplo a Maçonaria, cujos seus membros são chamados de Maçons, palavra essa de origem Francesa que tem o sentido de "Pedreiro", que no contexto ritualístico também é entendido como "Livre Construtor". A partir disto não fica difícil entender a nomenclatura utilizada pelo antigo Colégio dos Essênios, sendo uma Ordem Ocultista à qual José de Arimatéia pertencia. Sendo que os antigos membros dos Essênios eram chamados de "Carpinteiros", termo esse de significado análogo ao de "Maçom".

Outro elemento importante a ser levado em conta é que Jesus é um pseudônimo, sendo que o termo original "Yeoshua" tinha como significado "Salvador", sendo esta uma referência simbólica utilizada justamente para transmitir o ensinamento que se pretendia passar.

Tais informações poderiam trazer estranheza para os mais ortodoxos, como se eu estivesse dizendo que Jesus Cristo não existiu. Na verdade estou buscando deixar claro que a figura caricata que se forjou dele em cima de uma leitura materialista do texto dos Evangelhos nada tem a ver com os significados mais profundos que observamos no estudo do Cristianismo Esotérico.
 
 
Os Evangelhos tratam de ensinamentos deixados por um Grande Mestre que se destacou dentre os "Carpinteiros" do Colegiado dos Essênios, e que alcançou de forma tão completa este nível de desenvolvimento espiritual que passou ele mesmo a expressar parte deste processo interno em sua vida exterior. A tal ponto de ele próprio assumir o pseudônimo de "Salvador" como passou a ficar conhecido entre os seus discípulos, que também lhe atribuíram o título de "Deus Solar".

O Simbolismo representado pelo termo "Salvador" corresponde a um processo interior, consciencial de cada ser humano, corresponde ao que no Oriente chamam de "Kundalini". E é este processo de transformações internas do Ser que os textos se referem, e não a relatos históricos, a pesar de serem usados alguns elementos da história local como um meio de exemplificar estes processos.

A figura Solar que foi associada a este Mestre se refere a um resultado do desenvolvimento do "Salvador" dentro de cada ser humano, que marca um estágio importante do desenvolvimento espiritual, isto é representado pela entrada de Jesus em Jerusalém. Que por sua vez corresponde ao que na tradição "Vedanta" é entendido pela subida de Kundalini até o Chakra Cardíaco. Também é visto através do simbolismo do Desabrochar da "Rosa Mística". Estas são maneiras de simbolizar o despertar de uma "Consciência Espiritual" no indivíduo.

Este processo já conhecido a muitos milênios e já foi explicado com o uso de diversas simbologias em cada povo, cultura e época diferentes. Em função de se tratar de um mesmo assunto sendo explicado, todas essas estórias simbólicas terão elementos muito semelhantes, como vemos por exemplo nas figuras de Odin, Krishna, Quetsacoalt, Zoroastro, Hermes Trismegisto, King Artur e Gautama Buda.

Em função de uma leitura literal e materialista dos textos sagrados dos povos antigos, hoje em dia encontramos discussões e polêmicas, sobre essas estórias serem plágios umas das outras, quando na verdade são apenas descrições diferentes sobre uma mesma realidade, ou seja, quando várias pessoas descrevem uma mesma coisa, mesmo que com termos diferentes, ainda assim as descrições serão parecidas.

Algumas dessas tradições antigas traziam explicações mais literais do processo, enquanto outras se valiam de estórias simbólicas aos quais se dava "nomes" aos personagens. No caso dos Evangelhos, os textos buscavam transmitir mensagens indicativas para a interpretação, através dos "nomes" dados às figuras da estória.

Ao dizermos que Jesus nasceu de Maria, temos que levar em conta que Jesus significa o Salvador, (que é um princípio humano que temos em cada um de nós, que nos leva e nos inspira a buscar pelo desenvolvimento espiritual, através da "elevação" da consciência) e que Maria significa "Pureza".

Ou seja, neste caso a afirmação de que Jesus é filho de Maria deverá ser entendido que, este despertar espiritual é alcançado por nós através da Pureza de nossos pensamentos e sentimentos. O momento em que "Nasce Jesus" não é o nascimento de um indivíduo em nosso mundo e sim um despertar interior em alguém que buscava o desenvolvimento espiritual. Neste caso, o indivíduo poderia ter qualquer idade quando alcançou este nível, e nem se pode dizer que esta conquista teria ocorrido em uma ocasião específica.


Assim, a festividade do Natal surgiu entre os Cristãos, como uma adaptação de uma festividade Egípcia que ocorria nesta data, como outras tradições ao redor do mundo adotaram esta data para este tipo de festividade, na qual encontramos o simbolismo de um despertar contínuo da consciência interior de cada um de nós.

Sendo assim, o Natal é uma data criada em homenagem ao "Nascimento de Jesus" em cada um de nós. Trata-se de uma força vívida que nos impulsiona à evolução, que conquistamos através da pureza, que neste caso não tem uma conotação moralista, mas sim, pura e tão somente o domínio do Ser sobre seus impulsos naturais, sendo que assim perseverando acabará despertando dentro de si esta "Chama".

Os Cristãos originais, os antigos Essênios, haviam adotado esta data como uma forma de relembrarem a cada ano os ensinamentos daquele seu Grande Mestre ao qual chamavam de Jesus. Para terem suas forças renovadas, para seguirem firmemente em busca desta contínua superação de si mesmos.

Esta nunca foi uma data de euforia, nem extravasar suas ansiedades e frustrações, nunca foi o objetivo desta data que houvesse troca de presentes, banquetes, nem mesmo que as pessoas se embebedassem. Mas hoje em dia as aberrações são tantas que já vemos pessoas soltando fogos de artifício em comemoração ao Natal.

A proposta desta data é um convite à reflexão, à reavaliação de seus esforços em busca do aperfeiçoamento no caminho da espiritualidade, para que assim, possamos recobrar nossas energias, incentivados por todos aqueles já passaram por este processo e os que estão passando assim como nós, por esta jornada em busca deste despertar.

Esta reflexão não há de ser punitiva, nem uma forma de censura, ou severidade, e sim como uma criança que alegremente retoma o fôlego ao lado dos pais para depois voltar a correr e brincar. O caminho de desenvolvimento espiritual é duro, estreito e difícil, mas deverá ser trilhado sempre com alegria, como recomendou este antigo Mestre, aos nos dizer que deveríamos ser como as crianças.

Assim também simbolizam o Salvador que há em nós como uma pequena criança recém nascida nos braços da Pureza, em meio à simplicidade simbolizada pelo estábulo em nossos Presépios. Assim nasce em nós a esperança e a certeza de estarmos sendo bem sucedidos em nossa busca espiritual.

Fica aqui um convite à reflexão, para revermos os nossos conceitos sobre as tradições antigas, vendo que aquilo que hoje está sendo visto como Cristianismo é bem diferente da sua proposta original como já abordamos em nosso texto sobre o Anti-Cristo.




Desejo a todos um Natal feliz, de serenidade, interiorização e reflexão.

 

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