terça-feira, 29 de abril de 2014




Muitos consideram este o elemento básico e fundamental do desenvolvimento espiritual e oculto. Mas é comum que esta nunca seja analisada como uma qualidade em si, mas sempre sendo colocada como qualificadora de objetos de adoração.

 

A Fé em si consiste numa capacidade de crer, de acreditar, ou seja, de dar crédito, atribuir valor e isso depende muito mais de quem o faz do que possíveis características que o objeto em questão possa possuir.

 

O Processo Devocional é algo a parte que poderá vir a ser abordado futuramente, mas a Fé em si, ou mesmo o conceito de Crença é algo intrínseco ao ser humano, não como qualidade mas como ferramenta.

 

O modo como nossa mente funciona requer constante fornecimento de informações a serem processadas e o modo como colhemos essas informações é por meio da Confiança, da Fé, da Certeza, sendo que a Razão se aplica ao que é feito da informação recebida mas não entra no processo de obtenção desta informação.

 

Mesmo no meio Científico a Fé não foi abolida, ela foi apenas sistematizada, pois ela é inevitável, é essencial ao próprio modo de como pensamos e de como nos situamos na sociedade e frente a existência.

 

Muitas vezes, ou ainda, na maioria das vezes, as informações não trazem em si nenhum elemento que permita avaliar sua veracidade, de modo que confiamos no conhecimento de acordo com sua fonte, sendo que uma informação obtida de uma fonte confiável terá valor, ou seja, estaremos dispostos a acreditar, a lhe atribuir valor, validade, enquanto uma vinda de fonte na qual não confiamos não merecerá nossa Fé, nossa confiança, não estaremos dispostos a crer naquela informação.

 

A maneira como lidamos com o conhecimento, todo o aprendizado tem por base esse processo de assimilação de informações, ou seja, irá se basear na avaliação que faremos das fontes e por mais que o método das Ciências Convencionais seja sistematizado este não é essencialmente pautado na razão, mas sim num método pelo qual se possa driblar a razão para que esta não venha a destruir todas as informações.

 

A Razão é o recurso mental que possuímos de duvidar, questionar, negar, sendo essencialmente contrário ao de crer, acreditar, confiar e afirmar. Não é possível a elaboração, assimilação e propagação de conhecimento se nos basearmos apenas um destes recursos, na Fé ou na Razão e sim apenas e tão somente no uso equilibrado de ambos.

 

Se nos baseássemos exclusivamente na Razão não teríamos a construção do conhecimento, pois a Razão consiste em duvidar e questionar a cada coisa, se formos questionar e duvidar de todas as fontes estaremos invalidando todas as informações.

 

As Ciências Convencionais acabaram por formalizar um método através do qual se determina em quais fontes estaremos dispostos a depositar nossa Fé, a quais informações não estaremos questionando. Sendo que a partir do momento em que foi definido e estruturado um saber este não estará sendo questionado novamente.



 
Ou seja, após ter se definido os princípios que regem a gravidade por exemplo, estes não estarão mais sendo questionados, essa informação estará sendo utilizada para analisar outras e o indivíduo que estiver se valendo dessa informação estará confiando e depositando sua Fé na Certeza de que aquela informação é válida, permitindo assim que se criem conhecimentos apoiados nessas premissas.

 

Assim funciona nossa mente, ou seja, se o assunto for relativo às Leis Naturais estaremos confiando em informações fornecidas por um Físico e não um Advogado, já se o assunto for relativo a questões Judiciais confiaremos em um Advogado mas não num Líder Religioso, e por sua vez se o assunto é de cunho espiritual, não confiaremos num Advogado mas confiaremos num Líder Religioso.

 

Então vemos que a Fé está na raiz de nosso modo de pensar e aprender e não exclusivamente em temas nos quais não se aplique o uso da Razão. Da mesma forma que igualmente não existe questão onde a Razão não caiba, sendo que a dicotomia Razão e Fé, ou Ciência e Religião é absolutamente ilusória, pois em ambos cabe o uso dos dois princípios.

 

Podemos livremente, tanto escolher no que acreditar quanto do que duvidar, independente de explicações ou justificativas que a fonte da informação possa fornecer. Enfim vemos que na verdade não duvidamos ou acreditamos nas informações em si, mas sim nas suas fontes. Algo que nos seja dito por um Físico sobre Religião não terá o mesmo valor que o mesmo dito por um Líder Religioso, de modo que seria absolutamente Racional questionar essa informação.

 

O problema é que o saber humano acabou se fragmentando e as fontes passaram cada vez mais a restringirem seu saber a uma determinada especialidade, de maneira que para se ter alguma completude no saber se torna necessário buscar cada conhecimento em sua respectiva fonte especializada.