sábado, 17 de outubro de 2009

Anti-Cristo

 
Muito se fala sobre o Cristianismo e se encontra nos meios Ocultistas frequentemente pessoas que assumem uma postura contrária ao Cristianismo. Muitas vezes esta postura é argumentada por questionamentos fundamentados naquilo que consideram serem contradições existentes entre o Velho e o Novo Testamentos da Bíblia.

A questão é que tais contradições são tão inevitáveis como seriam na comparação de quaisquer outras duas obras distintas. Vemos questionamentos ao que chamam de filosofia “Judaico-Cristã”, considerando que esta seria a base da Civilização Ocidental, e por tanto a responsável por um possível “fracasso moral” dos povos Ocidentais.

Tais questionamentos são contraditórios por si só. Muito embora, ao afirmar isto, prontamente eu estaria sendo classificado como estando favorável ou contrário a alguma linha de pensamento. No entanto, o que tento esclarecer é que tais pólos não existem da maneira como são descritos.

Não há um entendimento claro o suficiente, e neutro o suficiente, sobre o que verdadeiramente poderia ser chamado de Cristianismo, para que se possa definir o que é Anti-Cristianismo.

Primeiramente é preciso que desmistifiquemos o conceito de “Judaico-Cristão”, pois é bastante freqüente que se vincule o Cristianismo ao Judaísmo, sendo que consistem em Filosofias e conjuntos de conhecimentos absolutamente distintos.

Tal vínculo nunca fez parte do Cristianismo em sua origem, mesmo porque este foi um movimento condenado pelo Judaísmo, que era o direcionamento Filosófico norteador vigente na época e no local do surgimento desta nova escola filosófica que foi o Cristianismo.

Mas, não podemos afirmar que não tenha havido a criação de uma Doutrina Religiosa híbrida que mesclava e inter-relacionava ambas as filosofias, e isto foi feito por motivos de ordem prática e política.

O Império Romano estava longe de ser um governo laico como certos pesquisadores tentam dar a entender, tratava-se de um sistema civilizatório que tinha por base cultural sua própria religiosidade, que sempre sofreu modificações ao longo do tempo, sendo uma adaptação da religiosidade Grega.

Com a perda do poder Imperial sobre o Oriente Médio, e por constantes movimentos populares de indivíduos seguidores de uma filosofia Cristã, como uma estratégia política de se manter no poder, a teocracia romana adotou uma postura filosófica, a princípio apenas oficialmente e não de fato, como sendo eles perpetuadores da filosofia Cristã. Para sedimentar este processo, começaram a buscar elementos filosóficos para a composição de um corpo doutrinário para esta nova filosofia (O Cristianismo), que até então não possuía uma doutrina de ritos própria por ser em essência libertária.
 
 
A maneira através da qual este conjunto de regras doutrinárias se formou, foi primeiramente com a criação de um “Livro Sagrado” e então a Igreja Romana, compilando antigos textos previamente selecionados segundo seus interesses que tratassem sobre o Cristianismo, os uniu à Torá (Livro Sagrado do Judaísmo) e assim criou um livro ao qual chamou de “Bíblia”, que pelo próprio nome já temos o significado de “Conjunto de Livros”, que mostra claramente o que ela verdadeiramente é.

Assim a Igreja Romana criou uma doutrina mista com base nas suas tradições Gregas, em elementos de ritualística e paramentos que se formaram a partir de uma reedição de antigas tradições Babilônicas, incluíram uma parcela incompleta do conhecimento Judaico e adotaram como figura de fachada o Cristianismo.

Mesmo que aquilo do que tal organização tenha se apropriado em matéria de Cristianismo fosse incompleto, parcial e manipulado para que pudesse ser adaptado ao corpo doutrinário Romano. A partir disto eles passaram a se auto-intitular Igreja Católica Apostólica Romana.

Vemos claramente que não se pode dizer que uma torta “com morangos” possa ser considerada uma torta “de morangos”. Assim também, aquilo que ficou conhecido como sendo Cristianismo, na verdade é apenas uma instituição que adotou alguns conceitos do Cristianismo e ainda assim os distorceu mesclando elementos com os quais esta filosofia não possuía nenhuma relação direta.

Depois do surgimento da Igreja Católica Apostólica Romana, esta passou por várias sub-divisões e assim se deu o surgimento de outras Igrejas que passaram a se auto-intitularem Cristãs. No entanto, estas vieram a perpetuar aquilo que foi a base da estrutura da Igreja Romana (A Bíblia).

Sendo que a Bíblia, ou mais literalmente “Conjunto de Livros”, não é um “Livro Cristão”, e sim, um “Conjunto de Livros” em sua maioria Judaicos e alguns textos com conteúdo Cristão. Perpetuam a distorção original de unir duas Filosofias que em sua origem eram até mesmo antagônicas em suas abordagens.

Se aqueles que se apresentam como “defensores” do Cristianismo, são capazes de deturpar esta Filosofia desta forma, seria até dispensável que houvesse quem lhe fizesse oposição. Assim, vemos pessoas se opondo à “Cultura Judaico-Cristã”, mesmo que a possibilidade da existência de uma “Cultura Judaico-Cristã” já consistiria em uma aberração para ambas as Filosofias. Então se opor a isto seria assumir uma postura em favor destas Filosofias em sua essência mais pura.

O fato de encontrarmos elementos em comum entre as duas Filosofias, não caracteriza de modo algum filiação ou plágio como gostam de considerar os céticos, pois povos diferentes, em épocas diferentes, sem terem contato entre si, produziram Filosofias portadoras destes mesmos elementos comuns. Justamente por serem Filosofias voltadas ao entendimento da Natureza Espiritual do Ser Humano.

Ou seja, se temos várias pessoas descrevendo uma mesma coisa, é absolutamente natural que todas as descrições se pareçam, não significando que a descrição de um tenha influído na descrição dada por outro.
 

Neste caso, podemos considerar que quem se diz Anti-Cristão, na verdade deveria se dizer contrário à doutrina criada pela Igreja Católica Apostólica Romana. Pois não podemos dizer que não gostamos de “Torta DE Morangos”, quando na verdade só experimentamos uma “Torta COM Morangos”, e ainda assim, nem mesmo os “Morangos” que foram colocados nesta “Torta” são “Morangos” verdadeiros, ou de boa qualidade, pois o preparo da Torta os deteriorou.

Poderão dizer alguns, que não concordam com a atitude assumida perante a vida, por parte dos “Cristãos”, quando na verdade não estão concordando com a atitude dos seguidores da Instituição Romana e seguidores das Instituições que perpetuaram esta “Mistura Filosófica”, que passaram a se auto-intitular “Cristãos”.

Infelizmente, não vemos, senão em pequenos grupos restritos, o estudo e o desenvolvimento da Filosofia Cristã em si. Só vemos estas Instituições que fazem lembrar refrescos químicos nos quais lemos: “Refrigerante Artificial com Aroma Imitação Laranja”. Quem disser não gostar de Laranja tendo apenas experimentado este refresco químico estará afirmando algo absolutamente infundado, pois “Não há laranja ali”.

Então perguntariam: Onde encontramos o Anti-Cristianismo? Encontraríamos justamente nestas instituições, que ao promoverem tais “Misturas” estariam sendo não apenas Anti-Cristãs, como também Anti-Judaicas.

Isto se não levarmos em conta as distorções quanto às bases destas duas Filosofias, que podem muito bem ser comparadas e com isso extrairmos uma riqueza extraordinária de conhecimento, mas não se terá o mesmo resultado se as misturarmos. Podemos comparar o quanto gostamos de carne grelhada e do quanto gostamos de sorvetes, mas nem por isso um sorvete de carne grelhada nos agradaria, e nenhum dos dois estaria bem preparado nestas condições.

Se não sabemos definir o que é verdadeiramente o Cristianismo, também não saberemos como definir o que representa o Cristo para o Cristianismo, assim igualmente se torna impossível, ou no mínimo, leviano, afirmar que sejamos Anti-Cristãos, ou ainda, como poderíamos falar sobre o que viria a ser Anti-Cristo?

Não há dúvidas de que este tema não é tão simples quanto se costuma considerar, e este é um assunto extenso que mereceria ser analisado com mais profundidade.
 


 

sexta-feira, 14 de agosto de 2009

A Estrela de Belém


Os textos bíblicos nos trazem uma linguagem carregada de simbolismos através de suas estórias e narrativas, sendo uma abordagem raramente descritiva, mas muito especialmente explicativa.

Para bem entender os textos bíblicos é preciso que tenhamos em mente o objetivo de tais narrativas, que a princípio não visam descrever eventos históricos, mas sim, se vale de eventos históricos e de tradições populares para criar estórias que nos levem a compreensão de determinadas realidades abstratas que de outra maneira não teriam como serem descritas.

Certos trechos nos trazem questões que costumam serem interpretadas de maneiras muito diferentes de acordo com o ponto de vista com o qual lemos a narrativa, como no que diz respeito à menção da figura da “Estrela de Belém”.

Decidi tratar do tema ao ver um texto de um amigo em seu blog:


Neste texto ele traz uma abordagem mais científica, como normalmente vemos a referência à Estrela de Belém ser tratada como uma referência a um evento físico e astronômico ou como sugerido neste caso, astronáutico.

No entanto, existem referências alheias ao conteúdo do texto bíblico em si, que nos permitem atribuir uma interpretação mais voltada para o tipo de entendimento encontrado na cultura da época.

Os Evangelistas, autores das narrativas do Novo Testamento, eram indivíduos estudiosos, versados no que havia de mais avançado em termos de filosofia, com base na Cultura da época e daquele povo.

Embora o que estivesse sendo apresentado, a filosofia do pensamento do Cristianismo, fosse algo novo, a maneira de explicá-lo acabaria exigindo comparações pensamentos já conhecidos na época.

Neste caso, observamos que as referências existentes na época eram as tradições seguidas pela escola filosófica que deu origem ao Cristianismo que era o “Colegiado dos Essênios”, sendo que este tinha por base conhecimentos vindos da Cultura Egípcia, que igualmente foi transcrita para o povo Judeu por Moisés.

Naquela região do mundo, certos conhecimentos de Culturas diferentes interagiam de maneira complementar, como víamos o Tarô Egípcio, a Astrologia dos Caldeus e a Cabala Judaica.

Com base nestes princípios encontramos referências que nos permitem uma compreensão bastante diferente do episódio dos “Três Reis Magos e da Estrela de Belém”.
 

No Tarô Egípcio que consistia originalmente, não em um jogo de oráculo, mas sim um livro Simbólico Iniciático, contam 4 elementos marcantes que são os chamados “Senhores” dos 4 instrumentos Mágicos. Cada um deles também era chamado de “Rei”, tendo igualmente um paralelo com um dos “4 Guardiões dos Céus”, da Astrologia Caldaica primitiva, ou seja, 4 Estrelas.
 
Ao estabelecer o paralelo entre estas 4 figuras e a Cabala Judaica, encontraremos uma relação entre tais figuras e a Anatomia Oculta do Ser Humano.

Podendo reconhecer assim uma referência muito clara a esta simbologia se levarmos em consideração que um dos significados Ocultos originais do termo “Belém” é “Aqueles que estão ao lado de Deus”. Encontramos assim uma referência aos Sephirot superiores da região da cabeça.

Assim também se compararmos aos presentes levados pelos Reis Magos em comparação com os instrumentos Mágicos dos Senhores do Tarô, Incenso, Mirra e Ouro, correspondendo a Cetro, Taça e Selo Mágicos, sendo que o Quarto elemento, a “Estrela de Belém” corresponderia ao “Senhor da Espada”, a “Estrela Real de Aquário”, Fomalhaut (A boca do peixe).

Tal Marca relacionado à figura de Jesus Cristo pode ser observada em outras passagens como o uso do Peixe como símbolo, ou como em referências ao simbolismo da Espada em Mateus 10:34:

"Não Julgueis que vim trazer paz a terra. Vim trazer não a paz, mas a espada."
 
Tais definições comparativas nos trazem a compreensão de um rico sistema de simbolismos que nos remetem a interpretar os significados relativos à própria Natureza Humana encontrados nas Narrativas Bíblicas. Pois veremos que cada personagem corresponde a um aspecto do ser humano.

No entanto, havia realmente um hábito do povo Judeu na época de estabelecer em suas narrativas filosóficas paralelos com eventos e personagens históricos.

Sendo assim, no que diz respeito ao conteúdo do Novo Testamento, encontramos algumas questões muito específicas, pois encontramos referências à ação de personagens históricos que não correspondem mais à condição Humana, por se tratar de seres conhecidos como "Mestres Espirituais".

Tais Seres podem interagir com os humanos, mas quando o fazem, preservam certas características, tais como o “anonimato”, ou seja, são identificados com determinados elementos simbólicos, assim como aspectos do Ser Humano, de modo que se possa entender qual é sua relação com os seres humanos.

Assim, vemos que o reconhecimento de a que seres o texto se refere através da associação e identificação existente entre estes seres e os símbolos usados para representá-los.


Os “Três Reis Magos”, eram descritos como indivíduos “seguidores” da “Estrela de Belém”. Neste sentido podemos observar uma referência indivíduos que sejam “representantes” deste quarto elemento, que lhes serve de referencial.

Estes indivíduos seriam Seres Supra-Humanos e eles próprios teriam nesta “Estrela de Belém” alguém a ser seguido.

Podemos observar que na estrutura da “Grande Loja Branca”, ou da “Grande Hierarquia Espiritual”, encontraremos Seres dos mais diversos Níveis, sendo Humanos, “Mestres de Sabedoria”, seres angelicais e reconhecemos a existência uma distinta categoria de Seres, que se caracterizam por constituírem um 6º Reino.

Tais seres correspondem a um nível de desenvolvimento tão superior ao dos “Mestres de Sabedoria”, quanto estes o são dos Humanos. Estes são seres aos quais poderíamos nos referir como sendo “Mestres dos Mestres”, “Reis dos Reis” e o que vemos descritos nos textos do Novo Testamento são referências a esta classe de criaturas, em especial a um caso específico de um Ser ao qual foi atribuído o Pseudônimo de “Ieoshua” (Jesus), que significa Salvador, consistindo em uma referência a um aspecto na Natureza Oculta do Ser Humano.

E neste caso específico vemos então uma referência a apenas mais um Ser de igual estatura, um Ser que recebeu o Pseudônimo de “Estrela de Belém”, que também já havia sido conhecido em diversas outras Culturas ao redor do mundo na Antiguidade como “A Estrela do Oriente”.

Os Seres deste 6º Reino também são conhecidos como “Mentores Espirituais”, sendo que estes possuem papéis significativos para a Manifestação da “Hierarquia Espiritual”, tendo funções diretivas, sendo suas ações seguidas pelos “Mestres de Sabedoria” e por sua vez pelos Humanos envolvidos na Teurgia.

Existem Sub-Divisões na “Hierarquia Espiritual”, sendo que uma das mais significativas é conhecida como “Ordem da Estrela”, sendo justamente “Chefiada” por este Ser conhecido como “A Estrela do Oriente”, sendo que esta possui seus “representantes”, sejam eles “Mestres” como no caso dos “Reis Magos”, ou mesmo Humanos, como foi conhecido modernamente o famoso Místico Indiano Jiddu Krishnamurti, assim como diversos outros indivíduos anônimos, encarnados e desencarnados, isoladamente ou em grupos constituídos, que realizam atividades, que de forma consciente ou inconsciente são “dirigidas” pela “Ordem da Estrela”.