domingo, 26 de abril de 2009

Astronomia x Astrologia

 
São duas Ciências que possuem um objeto de estudos em comum, ou seja, o Céu. A contemplação do Céu, ao julgar por um padrão de comportamento que estes dois estudiosos, o Astrônomo e o Astrólogo, têm em comum, faz com que desperte no indivíduo um certo fascínio, que o leva a se identificar com a grandeza do Cosmos que nos rodeia. Isto em alguns aspectos provoca um padrão emocional de quem se vê "apaixonado" pelo seu estudo.

Este sentimento passional existe e se torna muito evidente quando o indivíduo se exalta em discussões acaloradas em defesa de seu conhecimento, pois possuir tais conhecimentos sempre são sentidos como algo do que se orgulhar, como um contato com a "Verdade", sendo que somos levados a defender esta verdade à todos custo.

A questão é que em muitos aspectos se formou um abismo entre as duas Ciências. Uma vez que em sua origem estas tinham bastante em comum, nasceram no mesmo berço, tanto que os primeiros Astrônomos eram também Astrólogos. A fronteira das Ciências Convencionais e as Ciências Ocultas já foi bem mais tênue, mas no que se refere a estas duas especialidades especificamente, graças ao sentido passional que tais estudos desenvolvem, foi se criando um distanciamento maior.

Existem certas intransigências naturais a uma postura passional de ambos os lados, como torcedores de times rivais, quando se trata de defender seu conhecimento. Acaba ocorrendo de perderem o bom senso e a coerência que demonstram ao abordar outros temas.

A contemplação do Céu ativa em nós uma identificação com o Todo e com sua condição Única, sendo que muito facilmente nos vêm à mente o Conceito de Verdade Única. Assim qualquer coisa que não seja precisamente o que nós entendamos como Verdade, passará a ser visto como uma aberração que nos deixa ávidos por nos livrar. A negação veemente é o impulso básico inicial e se não houver um pouco mais de domínio próprio ficamos sujeitos sermos radicalmente parciais em nosso julgamento.

Um conhecimento não contradiz o outro, nem mesmo tem em si a pretensão de suplantar ou substituir o outro, isto em linhas gerais é o que existe de fatos quanto aos objetivos de cada estudo, mas as visões particulares é que costumam ser bem menos razoáveis.

Notamos uma maior coerência, quando os Estudiosos são já mais experientes e confiantes de seus conhecimentos, sendo que nestes casos a abordagem é bem mais diplomática e mediadora. Mas para aqueles que não estão tão profundamente envolvidos com estes estudos, que apenas os admiram, estes costumam ser mais impulsivos. Tal situação é a mesma que se observa quando comparamos jogadores de times rivais e torcedores de times rivais, sendo os primeiros bem menos impulsivos que os últimos.

Os simpatizantes das Ciências Convencionais acabam adquirindo em muitos casos um repulsa às Ciências Ocultas, sendo que curiosamente muitos estudantes das Ciências Ocultas acabam criando uma relação de amor e ódio pelas Ciências Convencionais, ora tentando atribuir conceitos convencionais aos Conhecimentos Ocultos, ora buscando reinvindicar que conhecimentos Ocultos sejam aceitos pelo Senso Comum das Ciências Convencionais.

Boa parte do que cria estas posturas tão intensas, quer me parecer que sejam justamente os objetos de estudo, sendo que o Céu é justamente um campo de contemplação que desperta em nós as nossas tendências naturais a defender convicções.

O ato de contemplar o Céu acaba sempre nos trazendo memórias profundas de tempos perdidos...

Pode não se ter qualquer sensação no momento exato, mas existem efeitos residuais que nos lembram de todas as incontáveis vezes que em diversas vidas já fizemos o mesmo gesto.

Isto também nos traz uma experiência quase instintiva, como algo que alimenta o nosso orgulho de ser humanos, de sermos tudo que somos, por nos sentirmos capazes de nos identificar com a grandiosidade do Todo e com a perene representação da Verdade que Céu nos traz, o que nos torna veementes defensores de nossas convicções, sendo elas quais forem.
 


 

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